
Após mudança no comando e renovação no time, o Brasil faz o primeiro amistoso do ano na próxima semana contra um velho conhecido: a Inglaterra. As duas seleções já duelaram muitas vezes, mas uma das partidas mais marcantes da história de ambas foi aconteceu na Copa do Mundo do México, em 1970.
- Foi a melhor Copa de todas até hoje, pela qualidade de todas as seleções. A Inglaterra foi o grande obstáculo, porque nós ganhamos de um a zero e eles tinham a mesma condição, só que não fizeram o gol, nós fizemos com Jairzinho – diz Zagallo, técnico da seleção na época.
Esse gol mudou o rumo do Brasil e fez toda a diferença para que o time batesse outras seleções e levasse o tricampeonato para casa. E os jogadores sabiam que vencer aquele confronto era fundamental para ficar com o título.
- Depois que acabou a partida, elevamos as mãos para o céu – relembra Carlos Alberto Torres, então capitão do time.
A gente tem um jogo de uma qualidade técnica maravilhosa"
Tim Vickery, jornalista
Os 90 minutos daquele jogo garantiu emoções inesquecíveis para os amantes de futebol. Foi uma partida que entrou para a história e é considerada por muitos como a melhor daquela Copa.
O time inglês era o atual campeão mundial – venceu em 1966, em casa, uma Copa onde o Brasil passou vergonha e saiu na primeira fase. No entanto, os canarinhos eram bicampeões com as vitórias em 1958 e 1962. Logo, em sete de junho de 1970, em Guadalajara, o jogo entre campão mundial e bicampeão mundial prometia ser quente. E foi o que aconteceu.
A Inglaterra começou assustando o Brasil. Aos oito minutos e meio do primeiro tempo, Hirst perdeu um gol. O craque Tostão não começou bem, errando passes e perdendo a bola. Aos dez minutos, o goleiro Gordon Banks faz uma defesa espetacular. Mas se o goleiro deles era bom, o nosso não ficava atrás.
- Francis Lee deu uma cabeçada, o goleiro Felix defendeu parcialmente, Lee chutou o rosto do Felix, não foi intencional, eu fui para cima, outros jogadores foram, eu chamei o Pelé. Tem que dar uma nesse cara. E o Pelé: ‘deixa comigo’. E a primeira bola que o Lee pega, pensei: ‘não vou esperar o Pelé’. Já fui já virando as costas, por sorte, o juiz me deu apenas um cartão amarelo. Ali o jogo se tornou o melhor da Copa do Mundo – comenta Torres.
No intervalo, uma conversa entre técnico e jogadores transformou o time.
- Zagallo chegou e deu uma injeção de ânimo. A primeira coisa era que o time mantivesse a calma, procurando sair sem medo. Aí jogamos mais tranquilos, sem querer tirar forra, e conseguimos fazer as jogadas. Dificilmente sairia aquela jogada... é um lance que só um jogador como Tostão poderia realizar. Ele, sem olhar, sabia onde o Pelé estava e meter justamente onde ele estava. Toquezinho de Deus para o Jair fazer o gol – lembra Torres.
E as emoções não pararam por aí. Logo após o gol, a Inglaterra pediu pênalti e na sequência Pelé quase repete a jogada que abriu o placar. Aos 20 minutos do segundo tempo, um lance para a torcida inglesa nunca mais esquecer: Félix defende uma bola incrível no lance de Jeff Astle.
- O gol estava lá. Felix coloca para fora, como pode? Foi um dos gols mais feitos que não foi feito! Um gol perdido mais lembrado que todos os gols feitos – relembra o jornalista Tim Vickery, especialista em futebol inglês.
Depois de muito sufoco dos brasileiros e de defesas de Banks, todos queriam o fim do jogo e Pelé ainda tentou fazer um gol de placa. Mas não deu. Apito final e fim de papo.
- O Brasil não sabia o que poderia acontecer, ficamos aliviados, ficamos embalados para um título que estava para acontecer – diz Zagallo.
O jogo foi tão bom que é venerado até pelos derrotados. Tim Vickery não esconde a paixão por aquela partida.
- A gente tem um jogo de uma qualidade técnica maravilhosa, espírito espetacular, a bola é bem tratada 90 minutos, cada um ganhando o respeito do outro. Teve um cara que estava comentando o jogo e no apito final ele fala o seguinte: o Brasil ganhou, a Inglaterra perdeu, mas o futebol foi o grande vencedor.
Fonte;http://globoesporte.globo.com
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